as salas de teatro têm um cheiro específico. cheiram a histórias, a homenagens, a palavras, a música, a medos, a hesitações, a certezas, a memórias, a dor, a alegria, ao calor das cadeiras cheias, ao frio das cadeiras vazias.
entrar numa sala onde o teatro acontece é, para mim, um momento mágico: aquilo que ali vai acontecer é a vida imaginada, pensada, idealizada ou até vivida. no palco passeiam sonhos - e pesadelos.
o trabalho ACTORES permite-nos ver o lado de lá da vida de um actor. aquela que tem que desaparecer quando é hora de dar lugar à personagem.
assistir a esta peça foi uma viagem, pela mente, pelo corpo daqueles cinco actores. foi uma viagem longa, com gargalhadas e dor. ia jurar que era a vida que estava ali em cima do palco.
o teatro cheira a vida. é isso.
com Bruno Nogueira, Carolina Amaral, Miguel Guilherme, Nuno Lopes, Rita Cabaço
a encenação é da responsabilidade de Marco Martins
há uns anos tive a oportunidade de acompanhar, de perto, o teatro rápido e as dezenas (centenas?) de peças de por lá passavam. todos os meses havia um novo tema e quatro novas peças. o teatro, esse, era mesmo rápido: 15 minutos apenas.
nessa altura colaborava com a rua de baixo, um site de divulgação online. escrevi muito sobre teatro, fiz algumas entrevistas e, sobretudo, conheci muitas pessoas.
o rafael dias costa foi uma dessas pessoas que conheci e que não mais abandonei. a laura l. tomaz foi outra dessas pessoas. sempre que posso espreito o que por aí andam a fazer. afinal, o teatro é uma daquelas coisas que me ajuda a respirar; quando é levado a cena por pessoas que estimo, é ouro sobre azul.
ontem fui espreitar "sopros de uma falsa partida", no turim. é uma viagem muito bonita e que vos aconselho. só vai estar em cena até domingo, dia 17 de setembro, no teatro turim, em benfica.
no dia 21 toma lugar a ana campaniço, com um monólogo que promete humor e risadas. conheci a ana através de uma peça onde o rafael também participava. vemo-nos por lá?
basicamente, pagamos um bilhete para passar 2h sentados enquanto nos cantam ao ouvido que somos todos uma merda - e que não há problema nisso. somos finitos e assim.
mais uma vez, os senhores do Sapo Blogs convidaram-me para falar sobre o melhor de 2015 - assim, tive oportunidade de eleger uma das melhores peças que vi no ano que agora finda.
ir ao teatro é, para mim, uma necessidade - não um luxo.
ter a oportunidade de ver albano jerónimo, custódia gallego e uma mão cheia de bons actores no palco do meu teatro preferido - o Nacional - era algo que não podia perder.
lamento ter de escolher tanto as peças às quais vou assistir - mas o orçamento não permite. assim, quando vou, saboreio cada momento.
antes da peça, um pulinho até ao segundo andar para ver as obras do vhils. já sabia da sua existência desde que tinha realizado o café central para a gerador #3, com o alexandre farto e a luísa cortesão. mas ainda não tinha ido visitar. uau. a simplicidade. e depois o sol de lisboa a entrar pela sala... perfeito. a somar a isto, a companhia da senhora minha mãe.
e a peça? pirandello. descrevê-la é pensar em humor e boas perguntas, sobre a vida e outras coisas que tais.
recomendo - só está em cena até ao dia 4 de abril. e aquilo que trazemos connosco, da peça, justifica cada cêntimo do bilhete.