namoro à distância: cada uma de nós na ponta oposta da trela.
aproximação? só com biscoito.
depois alguns mimos e brincadeiras.
festas ao entrar na box.
e jogos com duas bolas de ténis - agora com três.
e passeios longos em que eu falo com a Mel e ela vai lá na vida dela, a explorar o mundo e, de vez e quando, pára, olha para trás e corre na minha direcção: quer mimo.
never dog walk alone
estou apaixonada por esta miúda e a culpa é do Morais. olha, é uma relação a três. e resulta!
...chega todo um novo critério para previsão de pagamento:
"pagamos-te quando recebermos os recibos verdes de todos os outros colegas"
hum?
portanto, o meu trabalho, que é individual, está feito. os meus recibos verdes estão enviados, a tempo e horas. e tenho que esperar que os outros colegas enviem os deles para EU receber?
... e só isso explica que esta página, o facebook do MAC, tenha um gato na sua fotografia de perfil. o gato até se pode chamar nuno álvares pereira. ainda assim, talvez não se perceba bem o gato, ali, a representar uma instituilção.
eu sei: os gatinhos dão imensos likes.
pois.
e ter um profissional a tratar das redes sociais também é uma maçada...
encontrei um cão "à deriva" aqui na aldeia. meigo, dócil, seguiu até à porta da minha casa.
fotografei-o para colocar informação no site encontra-me
entretanto liguei para o canil municipal. 20 minutos depois de estar à espera, lá me atendem.
como o cão é dócil, abri o portão e pensei: fica aqui no quintal até o virem buscar. vai ser mais fácil de localizar e ele não tem grande experiência a andar na estrada
resolvo ligar de novo para o canil a pedir que viessem directamente à minha rua
mais 20 minutos de espera. chamada cai. outros 20 minutos de espera. passo a mensagem e respondem que de manhã será difícil passar aqui alguém, mas têm o meu número e ligam
e passou-se o dia e nada
resolvi ligar para o sepna 808... e ninguém atende
ligo para gnr local e dão um número 21... do sepna, para ligar
encaminham-me para a polícia municipal
daqui pedem que entre em contacto com a protecção civil
aqui sou muito bem atendida, explico a situação e dizem-me que só o canil terá os meios para fazer a recolha. mas já passa das 16h. a senhora dispõe-se a ligar e depois dizer-me alguma coisa.
ninguém a atende.
liga-me, a senhora da protecção civil, a comunicar que não foi feliz na comunicação com o canil
desde as 10h. desde as 10h da manhã
entretanto, descobri algumas carraças gigantes no cão
ele é muito meigo e merecia melhor. merecia até que os serviços competentes efectivamente SERVISSEM os apelos que chegam. tanto apelo à participação dos cidadãos mas depois... é isto
volto a tentar ligar para o sepna. ninguém atende.
Chegou a altura do ano na qual mal vejo 70 por cento dos meus amigos porque os planos recorrentes são sempre “ir à praia”. Ora eu não gosto de praia. Corrijo: eu gosto do local praia, detesto o ritual de ir à praia e acho a coisa menos relaxante da vida. Uma ou outra vez no ano ainda é naquela, mas se for recorrentemente acho que prefiro ver tinta a secar. Isto porque para mim um dia em que o programinha é “bora para a praia!” resume-se a isto:
8h50 – acordar (via despertador ou, geralmente, via gatos a jogarem à rabia com a minha cabeça).
8h51 – passar por toda uma tômbola de indecisões que implicam, entre outras coisas, tentar pensar se faz ou não sentido tomar o pequeno almoço (porque comer muito antes de ir para a praia faz mal, apesar de eu não me submergir no mar desde 1995) ou se vale ou não a pena tomar duche (o tempo que passo sentada na cama a pensar nisso dava para tomar 12 banhos com leite de burra, como se fosse a Cleópatra).
9h20 – levantar o cu da cama.
9h21 às 10h30 – andar pela casa tipo barata tonta a tentar perceber o que preciso de levar. Onde estão as toalhas? Levo bolachas? Levo a carteira ou passo só o básico para um porta moedas? Os adultos podem usar braçadeiras? Levo casaco para se ficar frio? O creme protector para o corpo é diferente do da cara? É desta que vou ler aquela edição de capa dura do Círculo de Leitores do Moby Dick?
10h31 – pegar numa mala excessivamente cheia de merdas que não vou precisar. Olhar para as pernas. Perceber que preciso de ir dar um jeitinho com a gilette. Garanto ao Jorge que não vou demorar mais de cinco minutos.
10h32 às 11h11 - descobrir que tenho toda um parque nacional Peneda Gerês em mim. É normal ter-se pêlos na parte de trás dos joelhos?
11h12 – fazer vistoria às pernas e às zonas podengas. Concluir que já não tenho pêlos. Passar água nos cortes de gilette.
11h13 – procurar um biquíni ou fato de banho que não esteja todo escafiado por estar enfiado o ano todo no fundo da gaveta das cuecas. Vestir-me.
11h17 – sair, chinelando pela calçada porque não sei andar de havaianas.
12h – chegar à praia . Encontrar um pedaço de areia que não fique entre uma família disfuncional e um grupo de Erasmus polacos que nunca viu um termómetro acima dos 17 graus.
12h05 – passar longos minutos a pensar se me vou despir ou não, tal é a vontade de passar protector nas minhas coxas do tamanho de sequóias.
12h25 – tirar a roupa. Tentar com nojinho sentar-me sem me sujar de areia.
12h26 – assemelhar-me a um croquete feito por alguém com tourettes.
12h27 – querer ir à água, não querer deixar os meus pertences sozinhos. Ouvir 15 vezes que nunca ninguém rouba nada na praia. Pensar para mim que só não roubo i iPod touch dos Erasmus polacos porque ia tralhar ao correr na areia.
12h28 – caminhar até à água, olhando para os meus pertences cerca de 32 vezes ao longo do caminho.
12h30 – meter os pés na água. Está um gelo. Olhar para o horizonte bucólica só para não dar a parte de fraca de que só estive no mar 9 segundos.
12h32 – sair da água, que só me molhou os pés e um joelho incauto.
12h33 – perceber que o gelo da água me deixou com vontade de fazer xixi.
12h34 – meter de novo os pés na água. Pensar se vão topar se me meter a mijar pelas pernas abaixo.
12h36 – ir até ao bar da praia fazer xixi. Não pensar no nojo de estar num WC público descalça.
12h40 – regressar à toalha.
12h41 – perceber, com a ajuda da luz solar, que falhei redondamente na missão gilette. Continuo a ter pêlos, mas fazem desenhos e padrões. Parece que tenho uma suástica na virilha.
12h43 – tentar ler.
12h44 – mudar de posição para ler.
12h46 – mudar de novo de posição para ler.
12h50 – deitar-me pegando nos livros com os braços esticados.
12h51 – edição do Círculo de Leitores cai-me na tromba. Desisto de ler.
12h52 – apesar de estar besuntada de creme e de só estar ao sol há nonossegundos, começo a sentir um forte escaldão nos únicos dois centímetros nos quais não meti creme.
12h54 – tento comer bolachas. Vejo uma rapariga com barriga de tanquinho a beber um sumo detox. Volto a guardar as bolachas.
12h55 – bolachas deixam-me embuchada. Pego na garrafa de água. Parece que meti à boca o conteúdo de um saco de água quente, sabor a plástico incluído.
12h56 – mexer no telemóvel para ver as horas. Para mim aquela hora de praia já está bom. Para os restantes convivas é ainda a ponta do iceberg das sete horas que planeiam ficar naquele lugar onde NENHUMA actividade é sequer vagamente confortável. Invejo as cervejas do LIDL trazidas pelos Erasmus.
14h12 – levanta-se vento. Finalmente concede-se que não está agradável na praia. Equaciono tatuar nas nalgas o bonequinho que simbolizava o Wind no Captain Planet, por me ter salvo a vida.
Aguento isto, vá, duas vezes ao ano. Mais do que isso entra na convenção de Genebra.
"Isto é um muro. Obrigar a olhar para o muro é importante. O muro divide-nos ou junta-nos. Partir um muro é um acto simbólico. Destruir é inerente à criação. Qualquer criação implica destruição. Transforma, mas destrói sempre."
- estas palavras são do Alexandre Farto, conhecido por todos como Vhils, no #cafecentral da revista Gerador #3 (jan.2015), partilhado com a querida Luísa Cortesão
fui recuperá-las após a onda de indignação perante esta notícia
diz que a obra efémera não dura para sempre. e se há coisa efémera, nesta vida e além da própria vida, é a arte urbana